Pesquisa revela que no Brasil o comportamento nas redes sociais de um candidato a emprego é decisivo para o sucesso - ou não - na disputa por uma vaga profissional
Você pode nem desconfiar mas o sucesso que você terá em sua próxima tentativa de conseguir um emprego está diretamente relacionado com cada passo seu hoje no Facebook, Orkut, Twitter e redes sociais afins. É o que revela a pesquisa Mercado de Trabalho, que acaba de ser divulgada, e que ouviu 2.525 executivos das áreas de Finanças e Recursos Humanos com responsabilidade de recrutamento em 11 países.
Entre eles, o Brasil é o líder na importância dada às redes sociais dos seus profissionais. O estudo revelou que para 44% dos brasileiros entrevistados, aspectos negativos nestes sites seriam motivos suficientes para desclassificar no processo de seleção “um candidato qualificado, com um ótimo currículo” .
Outros 39% afirmaram que primeiro falariam com candidato flagrado em conduta desaconselhável nas redes sociais e depois decidiriam se o manteriam ou não na disputa pela vaga. E apenas 17% disseram que “informações negativas ou fotos inadequadas em perfis em redes sociais não podem influenciar na avaliação de um candidato”.
Somados os executivos que dispensariam sumariamente o candidato com aqueles que o convocariam para dar explicações antes de deliberar chega-se a impressionantes 83% que consideram que as redes sociais têm papel fundamental em uma decisão de contratação ou não de um candidato altamente qualificado.
Segundo Ricardo Bevilacqua, diretor para a América Latina da empresa multinacional de recrutamento Robert Half, que realizou a pesquisa, as causas mais frequentes na desclassificação estão relacionadas a qualquer tipo de discriminação e a sexo. “Tudo está muito relacionado à questão dos valores adotados pela empresa”, explica o executivo (leia entrevista exclusiva na página ao lado).
Coerência
No entanto, estas não são as únicas motivações para o monitoramento - ou análise, se preferir - das redes sociais de candidatos a um emprego.
A consultora de Recursos Humanos Alice Café coordena o setor de Desenvolvimento Humano da empresa Fast Job, site de recolocação profissional aqui em Fortaleza. Um dos principais fatores que ela observa é a coerência entre os diversos perfis virtuais de um candidato.
Nas redes sociais cujo objetivo é servir de vitrine para os profissionais, como o Linked In, a consultora sempre encontra pessoas ajustadas, pró-ativas e responsáveis. É nas mídias mais comuns voltadas a fazer amizades que Alice “tira a prova dos nove”.
Ela checa se o candidato participa de comunidades que propaguem ódio ou preconceito no Orkut, ou se twitta frases inconsequentes. “É importante ter um padrão ético em cada perfil”, orienta a consultora.
Mas não é só em prejudicar o candidato que está o poder das redes sociais. “O impacto de uma rede social pode tanto te qualificar quanto desqualificar”, lembra Bevilacqua. “Depende muito do uso que se faz delas”, pontua.
Entre os comportamentos recomendáveis para usar as redes sociais a seu favor, Alice Café indica fazer o chamado Networking: seguir grandes empresas e seus selecionadores, colaborar nos grupos de discussão de comunidades da área de trabalho e ter um blog onde possa expor os trabalhos já realizados.
A consultora de Recursos Humanos conta que uma das razões para ter selecionado a estudante de Administração de Empresas Rejane Angélica Andrade para uma vaga de emprego foi justamente a maneira responsáve com que ela se portava nas redes sociais. “Vi que era uma pessoa que estava realmente querendo entrar no mercado de trabalho”, aponta (veja quadro abaixo).
Ressalvas
Ressalvas
Apesar de ter números tão representativos no Brasil, o uso das redes sociais como fator determinante em um processo de seleção não é uma unanimidade.
Valéria Mota, que coordena o setor de seleção da Mrh, empresa especializada em contratações e consultorias de capacitação profissional, encara com restrições a análise de perfis na Internet na escolha dos candidatos e considera “uma forma prematura” de observação, que não deve ter caráter eliminatório. “Na Internet, as pessoas acabam encarnando um papel, não é possível analisá-las com profundidade”, argumenta.
Mesmo assim, ela admite que há situações em que as redes sociais podem ser delatoras. Quando, por exemplo, a identidade construída na rede vai de encontro ao comportamento esperado para uma determinada função. “Se estamos buscando alguém para assumir a vaga de secretária-executiva, um cargo que exige discrição, e vemos que a candidata se expõe demais na Internet é um sinal de que ela não está apta para aquele trabalho”, exemplifica.
Ou seja, ainda entre os que relativizam a influência das redes sociais em uma seleção profissional, em algum momento elas acabam sendo determinantes.
Ou seja, ainda entre os que relativizam a influência das redes sociais em uma seleção profissional, em algum momento elas acabam sendo determinantes.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
A Pesquisa de Mercado de Trabalho foi realizada pela multinacional de recrutamento Robert Half e ouviu executivos no Brasil, Áustria, Bélgica, República Checa, Dubai, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo, Suiça e Holanda.
Quando as redes sociais são usadas em seu benefício
Foi a maturidade demonstrada em redes sociais que garantiu o emprego de assistente de treinamento para a estudante de Administração de Empresas Rejane Andrade. Durante a seleção para a vaga, ela teve seus perfis digitais analisados e o resultado foi o melhor possível. Ficou constatado que os comentários feitos por ela no Twitter eram relacionados a trabalho e que ela seguia empresas de consultoria do setor em que procurava emprego. “Preferi ser mais neutra, sabia que isso seria útil no mercado de trabalho”, justifica.
Fonte: http://www.opovo.com.br/
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