No Orkut, a comunidade “Meu patrão não leu a lei Áurea” tem 5.007 membros, a maioria dos quais abertamente identificados.
Ela se diz dedicada a quem “já passou, passa ou conhece alguém que passa pela situação de ter um patrão que ainda naum (sic) sabe que os escravos foram libertos e que não pode mais fazer ninguém de escravo...”.
Relacionada a ela, a comunidade “Quero Mandar meu Patrão Embora”, com 797 membros, chega a usar termos de baixo calão contra a figura do superior hierárquico. Várias outras seguem a mesma linha.
Numa rápida busca, surgem pérolas como “Meu chefe pensa que é DEUS!!!”; “Chefe, preciso de um aumento; “Meu chefe é um pé no s...”; e “Vamos matar o chefe”; e “Já mandou seu patrão se f....?” que inclusive recomenda “xingar com moderação” e é ilustrada com uma vistosa foto de Adolf Hitler. Todos os participantes são facilmente identificáveis por qualquer pessoa que entre nas páginas.
Como piada, alguns podem até achar engraçado. Mas ter seu nome e rosto estampado nesse tipo de comunidade é uma péssima ideia para quem procura espaço no mercado de trabalho. Isso porque as redes sociais são, cada vez mais, usadas pelas empresas para colher informações sobre o perfil dos candidatos às vagas de emprego.
Não é difícil concluir que o departamento de Recursos Humanos não ficaria nada alegre ao descobrir que aquele profissional que demonstrou tanto interesse em trabalhar na empresa participa de uma comunidade dedicada a espinafrar quem paga seu salário.
No Twitter, é fácil achar pessoas imprudentes o bastante para “tuitar” coisas como “Porque meu chefe é um mala sem alça!!!”, “Se meu chefe me pega no twitter… hauahauhuauah” ou “Nunca tive tanta vontade de pular no pescoço da minha chefe como hoje PQP grrrrrrr…”.
Os exemplos servem para mostrar que as pessoas precisam ter cuidado com o conteúdo de suas redes sociais, pois muita gente está de olho nelas. Por exemplo, existe o risco de o setor de recrutamento de pessoal, que pode lhe conseguir aquele tão cobiçado emprego, procurar saber mais sobre você no Orkut ou Facebook. E o que ele encontrar na sua página pode fazer a diferença, para o bem ou para o mal.
“Quem está numa rede social demonstra suas escolhas e comportamentos. É preciso tomar cuidado com a exposição de fotos sobre farras e bebedeiras, por exemplo, que podem ser mal interpretadas”. Se há insatisfações com o ambiente de trabalho, tente resolvê-las pessoalmente e evite publicá-las na Internet.
As redes sociais não transparecem tudo o que a pessoa é, mas mostram tendências e preferências. “As empresas não devem usá-las como algo desclassificatório, e sim como mais um ponto a ser avaliado. O que está lá não é uma afirmação completa, pode ser fruto de um momento específico. Só pela rede, não se pode definir o que uma pessoa é ou não”, destaca.
A lista de comunidades frequentadas pela pessoa pode chamar a atenção das empresas, caso haja algo que gere suspeitas. “Mas tudo isso tem que ser questionado na entrevista cara-a-cara, para que a pessoa tenha a oportunidade de explicar.
É preciso também tomar cuidado para não entrar em redes sociais demais. Quem se acostuma em excesso com o mundo virtual corre o risco de esquecer o mundo físico”.
Antes de se cadastrar numa rede, o usuário deve ter em mente qual é seu objetivo. “Ela precisa estar alinhada ao foco da pessoa. Vale destacar que o lado pessoal hoje não se separa tanto do lado profissional.
A avaliação leva em conta os dois aspectos, que se complementam. Por isso, por mais que a Internet apoie e possibilite a liberdade de expressão, é preciso fazer bom uso dela. “O conteúdo pode ser mal interpretado. Quem se expõe com muita ênfase pode dar margem a dúvidas sobre suas intenções.
Não se deve perder tempo com mensagens bobas e não exagerar nas imagens da vida pessoal.
Algumas empresas olham mesmo as páginas nas redes sociais, e essa é uma tendência em crescimento”. Se forem usadas corretamente, as redes sociais podem gerar bons frutos profissionais. A pessoa tem a chance de demonstrar como está bem informada e atualizada sobre temas relevantes. “Isso gera repercussão positiva. Pode-se também usar a Internet para criar uma rede de contatos, que sempre é útil”.
Por outro lado, o empregador pode desconfiar de alguém que passa o dia detalhando cada um de seus passos no Twitter. O tempo que se gasta em futilidades na Internet deve ser melhor aplicado, em estudos, por exemplo.
É preciso senso crítico nas postagens. O essencial é ter responsabilidade com o que se publica nas redes”.
Fonte: www.tribunadonorte.com.br
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