segunda-feira, 8 de março de 2010

Os Processos Seletivos no Banco dos Réus.

"O que Você Faria? (El Método)", de Marcelo Piñeyro, não é apenas mais um filme envolvendo as corporações modernas. De imediato, podemos imaginar duas perguntas que o filme deixa no ar. Até onde você chegaria para conseguir um bom emprego? E, por outro lado, até onde uma corporação pode forçar alguém a ir, para lhe dar esse emprego?
Por aí, você já pressentiu que é um bom instrumento para trabalhar temas relacionados com recrutamento e seleção, assédio moral, respeito, valores, competição e outros.
O filme é uma adaptação de "The Gronholm Method", de Jordi Galceran Ferrer – uma peça muito popular na Espanha – que segue candidatos forçados a passar por uma estranha bateria de testes, a fim de conseguir um emprego numa firma de Madrid.
Com um número maior de personagens do que os apresentados na peça, o filme de Piñeyro reúne sete candidatos esperançosos em conseguir uma posição de administrador de alta gerência, numa companhia que, por sua vez, tem uma série de posturas e regras muito estranhas.
"O que Você Faria?" começa com os candidatos sendo conduzidos para um escritório high tech por uma secretária com um sorriso nitidamente pré-fabricado.
Eles são reunidos numa espécie de suíte e começam a ser descartados após passarem por testes psicológicos, através do assim denominado Método Gronholm que, entre outros procedimentos, joga um candidato contra o outro. Em cada turno, um perdedor é eliminado e o vencedor será aquele que resistir até o fim e, digamos assim, conseguir permanecer de pé. Enfim, uma espécie de reality show corporativo ou Darwin radicalizado.
Uma série de tarefas é apresentada ao grupo. Rapidamente, elas vão ficando cada vez mais intensas psicologicamente, à medida em que os candidatos se defendem atacando os outros.
Algumas cenas com os candidatos já possibilitam muitos tópicos para debate: o educado e obsequioso Henrique é eliminado numa discussão após ser praticamente obrigado a delatar um competidor. Entre os mais jovens, Carlos está disputando o cargo com sua antiga namorada Nieves. De outro lado, o machista Fernando já se aproxima da meia-idade. Após um ataque pessoal particularmente brutal, Carlos pede desculpas a uma candidata dizendo que a agressão apenas faz parte do papel que ele tinha que desempenhar na tarefa.
E por aí vai. Aos poucos, nós espectadores vamos penetrando na personalidade de cada candidato, seus estilos, reações e atitudes. Cada um deles carrega a certeza ou a esperança de que será o escolhido e isso faz com que o processo de eliminação seja ainda mais contundente.
As atuações, de modo geral, são bastante convincentes, dando à história cores e nuances ora trágicas, ora cômicas.
Por oportuno, torna-se necessária a colocação de um ponto importante, principalmente para nós, da área de gestão com pessoas. Como não se trata de um vídeo instrucional e sim de uma produção cinematográfica – sujeita às imposições decorrentes de eventuais padrões do cinema atual ou de aspectos ligados a marketing – certas cenas inseridas na história podem soar, para alguns espectadores, fora do contexto ou da verossimilhança.
No entanto, tais exigências de roteiro são compreensíveis e até desculpáveis num filme que capta a atenção e, em última análise, levanta uma questão primordial no dia-a-dia das organizações no mundo de hoje: a idoneidade, a validade e, de certa forma, até a legalidade dos processos seletivos que algumas empresas vêem utilizando. E de que forma os candidatos – que se encontram, na maior parte das vezes, em situações de grande fragilidade – podem ser amparados ou protegidos quando são submetidos a determinados testes, que agridem a sua dignidade e a sua auto-estima.

Fonte: RH News
Myrna Silveira Brandão

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