Especialista avalia se ficar muito tempo ou pouco tempo em uma mesma organização é positivo ou negativo
Se você fica pouco tempo nas empresas em que trabalha, pode ser um mau sinal, indicando talvez que você não consegue se adaptar ou não tem comprometimento. Por outro lado, se passa anos na mesma empresa, pode ser visto como um profissional acomodado e que não está interessado em novas oportunidades e novos desafios. Mas será que é assim mesmo que as coisas funcionam?
De acordo com a consultora da DMRH, Priscila Rignani, cada caso é um caso e os selecionadores vão tentar identificar, por meio de outros dados disponibilizados no currículo, o que aconteceu para que houvesse tantas trocas de emprego ou uma permanência muito longa em uma mesma organização.
No caso daqueles que ficam pouco tempo nas empresas, Priscila já alerta que essa postura não inspira muito confiança aos selecionadores. Na prática, os recrutadores procuram profissionais que vão ficar bastante tempo nas empresas para as quais estão sendo selecionados. Isso é o que representa uma seleção de sucesso.
Mudança justificada?
Porém, muitos profissionais acreditam que há casos em que a mudança é justificada. Justificar que mudou de emprego várias vezes, pois as empresas não ofereciam oportunidades de crescimento é e não é um bom motivo. Priscila explica que, se o profissional mudou em menos de 1 ano de emprego por conta desse motivo, isso nem sempre serve como justificativa. “Em menos de um ano, não dá para saber se a empresa oferece oportunidade de crescimento”, explica Priscila.
Ou seja, dificilmente você vai conseguir convencer um selecionador com esse motivo. Além disso, se você deu essa justificativa, é bom saber que você pode estar passando a mensagem de que tem uma expectativa de crescimento muito acelerada, o que também pode preocupar o selecionador, pois são poucas as empresas que oferecem oportunidade de crescimento tão rápida.
Casos e casos
Por outro lado, há argumentos que justificam a permanência muito curta em uma posição. Segundo Priscila, se o candidato recebeu uma proposta de emprego com a promessa de que em poucos meses estaria desempenhando determinada função ou desenvolvendo determinado projeto, mas a empresa não cumpriu o combinado, ele tem razão de procurar outra organização.
Nessa mesma linha, se o profissional saiu porque foi contratado temporariamente ou apenas para o desenvolvimento de um determinado projeto, os selecionadores não veem as mudanças de forma negativa. No caso dos jovens, que atuam principalmente como estagiários, as mudanças frequentes de emprego também não são vistas como ruins. “É uma época em que eles estão experimentando, descobrindo com o que querem trabalhar”, explica a consultora.
Essa questão é bastante importante, pois, aos olhos dos selecionadores, “comportamento passado, dita comportamento futuro”, conforme explica a consultora. Ou seja, sem boas justificativas, se você troca frequentemente de emprego, possivelmente trocará novamente, o que não é nada interessante para os selecionadores.
Embora não exista uma regra em relação ao tempo em que os profissionais devam ficar em uma mesma organização, há elementos que ajudam os recrutadores a entender se as trocas constantes ou a permanência muito longa foi em benefício da carreira ou porque o profissional não é comprometido com o trabalho.
A questão do salário
Na área de TI, por exemplo, é frequente ver profissionais saindo por conta de salário melhores. “Por R$ 200 a mais eles saem do emprego”, diz Priscila. Remuneração, por sua vez, também não é uma boa razão para trocas constantes. “Se o profissional ganha de acordo com a média do mercado, um salário um pouco melhor não pode ser elementos principal para uma mudança”. Se, por outro lado, ele recebe muito abaixo do que o mercado está pagando, uma troca se justifica.
Outro bom motivo para mudar de emprego é assumir posições melhores. Se em 2 anos você mudou três vezes de emprego, mas de analista agora é gerente, sem problemas. Mas, se mudou com tal frequência, sempre assumindo uma mesma posição, isso não será muito bem visto.
Se trocar muito de emprego gera dúvidas, ficar muito tempo também pode ser interpretado como um mau sinal. Mas nem sempre. Segundo a consultora, se o profissional está há anos na mesma empresa, fazendo as mesmas atividades, na mesma posição e com um salário quase estagnado, isso revela certo comodismo.
Acomodado?
Embora os selecionadores estejam procurando profissionais que ficarão por um bom tempo na empresa, eles não querem pessoas acomodadas e sem objetivos. “Se o profissional ficou muito tempo na empresa anterior, eu vou olhar se ele teve crescimento nesse tempo”, diz a consultora.
Crescimento é justamente a palavra que define a carreira do diretor de operações e comercial da Copagaz, o economista Amaro Helfstein. Em 37 anos de dedicação à empresa, Helfstein começou como auxiliar de contabilidade, passando para gerente de controller, depois gerente financeiro e, por fim, diretor comercial.
Apesar de ter ficado quase 40 anos na mesma empresa, o economista fez 12 cursos de especialização e aproveitou diversas oportunidades e desafios que a empresa foi oferecendo ao longo dos anos. “Aqui, sempre tem algo a ser alcançado, novos desafios, novas perspectivas”, diz.
O diretor viu oportunidade de crescimento na Copagaz, que desde sua fundação permanece uma empresa familiar. Quando entrou na empresa, eram apenas 3 filiais e atualmente são 14, com perspectivas de expansão para outras regiões do Brasil, como Pernambuco e Bahia.
Assim, embora o profissional tenha permanecido anos em uma mesma empresa, fatores como crescimento, desenvolvimento, oportunidades e desafios sempre foram apresentados a ele. Além disso, afirma que o salário e o tratamento diferencial que recebe na empresa, por atuar próximo ao dono, o motiva a permanecer.
Fonte: Adminitradores
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