terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A competitividade tornou-se inerente à carreira?


Todos os dias milhões de pessoas acordam com uma meta: ir para o trabalho e apresentarem a melhor performance diante das situações mais adversas. Muitos desses profissionais seguem "mecanicamente" para as organizações, enquanto outros possuem algo que os diferenciam dos demais: o espírito de competitividade. Registre-se aqui, a competição no sentido saudável, ou seja, de traçar objetivos, desenvolver novas competências tanto técnicas quanto comportamentais e não temer o processo constante de inovação que se instituiu no âmbito corporativo.
Como a competitividade tornou-se dos fatores sempre está presente nos mais diferenciados segmentos organizacionais, o RH.com.br entrevistou a consultora organizacional, Helena Ribeiro. Fundadora da Razão Humana Consultoria e Consultora Sênior de T&D, ela atua há mais de 16 anos em Gestão de Pessoas e tem a oportunidade de avaliar os efeitos diretos e indiretos que a competitividade traz ao dia a dia dos talentos e das próprias organizações. "Ser um profissional competitivo é ter em mente que seu grande diferencial está em suas competências técnicas e humanas. É ter metas pessoais e profissionais, sonhos e planos", destaca. Em entrevista concedida ao RH.com.br. Helena Ribeiro diz ainda que a competitividade está cada vez mais globalizada e seletiva no que tange a valorização de profissionais que façam o diferencial para o mercado. Confira a entrevista na íntegra e tenha uma ótima leitura!


RH.com.br - A competitividade tornou-se realmente inerente à vida de todos os profissionais?
Helena Ribeiro - Sim, com certeza. E ela não se tornou somente apenas inerente em relação ao campo profissional, mas também faz parte da vida pessoal de todos. Não podemos esquecer que nesta Era de Competitividade global o profissional necessita estar atualizado e em desenvolvimento constante. Espera-se que ele esteja sempre pronto para atuar em ambientes, em mercados tranquilos e, principalmente, turbulentos. Afinal, diante da competitividade cada vez mais ferrenha, destacam-se os profissionais resilientes e autogerenciáveis. Para tanto, as empresas buscam no mercado, profissionais líderes que mesmo não ocupando cargos de liderança, possuam a competência para influenciar os outros a agir.


RH - Hoje, o que significa ser um profissional realmente competitivo?
Helena Ribeiro - Ser um profissional competitivo é ter em mente que seu grande diferencial está em suas competências técnicas e humanas. É ter metas pessoais e profissionais, sonhos e planos. Essas são ações imprescindíveis para se manter competitivo. Afinal, a competitividade encontra-se cada vez mais globalizada e seletiva. Portanto, um profissional com este perfil tem dificuldades de trabalhar de forma linear, de receber ordens de cima para baixo num ambiente impessoal, com mecanicismo e disciplina que resultam em áreas de trabalho tensas, sem liderança sinérgica e, principalmente, trabalhar em empresas que não valorizam o capital humano.


RH - Quais as principais competências que se evidenciam em um profissional competitivo e cobiçado pelo mercado?
Helena Ribeiro - Falar sobre competências que evidenciam um profissional competitivo não é tão simples. Afinal, são tantas que desenvolvemos ao longo da vida e da carreira, que não arriscaria citar as mais importantes, pois em cada fase que vivemos necessitamos aprimorar habilidades e desenvolver novas competências técnicas, comportamentais e atitudinais. Enfrentar desafios é rotina para a maioria das pessoas, mas desenvolver expertise para superá-los é meta e conquista de poucos. Amo nos treinamentos que aplico incentivar os profissionais a superarem seus limites reais ou imaginários e a conquistarem seus objetivos, despertando a águia interior de cada um, adormecida às vezes.


RH - Inclusive, a senhora lançou um livro que destaca a "águia" interior que existe em cada pessoa.
Helena Ribeiro - É verdade, realizei esse trabalho. Nestes mais de 16 anos atuando na área de Recursos Humanos, pude compilar vários conceitos e experiências de treinar milhares de profissionais de diversas áreas, com dezenas de cursos sobre vários temas. Tais conhecimentos e vivencias, atrelados à minha experiência gerencial, de empresária e de vida, foram fonte inspiradora para escrever o livro VOCÊ, a Águia e a Natureza - O Experiencial do VOCÊ S.A lançado na Bienal Internacional do livro em 2008 e 2ª edição revisada em 2009. A proposta do livro é ajudar as pessoas a ser o melhor profissional possível, superar limites e atingir objetivos profissionais e pessoais. Ele pode ser considerado um grande "farol" que ilumina oportunidades para o desenvolvimento humano e diante desse "farol" as pessoas podem acelerar fundo e sem medo de ser multado pela vida. Afinal, ela é composta por acertos, e claro, por erros. O esforço produtivo deve ser canalizado para maximizar acertos e minimizar erros. Resumindo, esse livro é um incentivo para o leitor tornar-se um profissional águia e de alta performance, capaz de contagiar os colegas de trabalho motivando-os para a ação, mudança de comportamento para manter-se competitivo.


RH - Atualmente, o que se tornou indispensável para profissionais alcançarem seus objetivos?
Helena Ribeiro - A busca do autoconhecimento e do desenvolvimento contínuo para se tornarem pessoas movidas por valores e ideais, que encaram desafios e que não tenham medo da adversidade da vida. Ser independente e perguntar sempre o "por quê?" das coisas. Precisa ter discernimento para analisar o certo e errado, usando a inteligência espiritual para ver e balizar as coisas num contexto mais amplo. Enfim, ser determinado, ter visão do macro sem deixar de analisar os riscos do "micro", fará a diferença sempre para o sucesso na vida.


RH - Então, podemos afirmar que o conhecido conceito de CHA (Competências, Habilidades e Atitudes) também passou por um processo de adaptação à nova realidade mundial?
Helena Ribeiro - Sim, o CHA vive em processo continuo de alinhamento, inclusive eu inovei e passei a usar o ACHE (Atitude, Conhecimento, Habilidade e Entusiasmo). Afinal, acrescentar o entusiasmo no CHA contribui com a automotivação necessária que precisamos para desenvolvermos as fases que vivemos, onde necessitamos aprimorar nossas habilidades e trabalhar novas competências técnicas, comportamentais e atitudinais. Sempre.


RH - De forma prática, como o profissional pode desenvolver o conceito do CHA, em prol do desenvolvimento de novas competências que venham atender às reais necessidades do mercado?
Helena Ribeiro - O ser humano é um eterno aprendiz e se tiver isto sempre em mente, saberá selecionar faculdades, MBAs, treinamentos, seminários, palestras, livros, artigos, entre outros, que agrade aos mais variados estilos e gostos. Acrescento a importância da natureza no desenvolvimento do ACHE, afinal ela é grande fonte de inspiração. Aristóteles dizia: "A Natureza não faz nada inútil, é mãe e catedrática". Nesta imensa "sala de aula", nós temos um ambiente inusitado para aprendizado com a metodologia experiencial ao ar livre, potencializando o capital intelectual e humano, como grande diferencial competitivo. Ressalto que o processo de coaching destaca-se como um excelente recurso à disposição das empresas e das pessoas. Para quem não conhece esse processo, vale à pena pesquisar sobre seus benefícios e seus resultados.


RH - Devemos mensurar os principais indicadores positivos e negativos que a competitividade trouxe aos talentos seja no campo pessoal ou profissional?
Helena Ribeiro - Sim, e de preferência periodicamente. Segundo Robert S. Kaplan e David P. Norton, que apresentaram ao mundo organizacional o BSC - Balanced ScoreCard, para mensurarmos indicadores devemos avaliar os elementos sobre o que está sendo medido e a importância do score dentro das cinco grandes áreas que limitam a roda da vida: Pessoal, Familiar, Saúde, Profissional, Social e Espiritual. Estes pilares sustentam uma plataforma de crenças e valores, sejam positivos ou negativos. Os indicadores são dinâmicos, tangíveis, intangíveis e mensurados por fatores, competências, entre outros. Afinal, o que rege o desenvolvimento humano é a capacidade das pessoas em construir significados sobre o mundo cada vez mais abrangente às dimensões da experiência humana.


RH - Qual o desafio mais instigante que os profissionais enfrentam para se manterem no mercado de trabalho e com uma empregabilidade destacada?
Helena Ribeiro - De acordo com José Augusto Minarelli, conselheiro de carreiras e outplacement, o mercado de trabalho está acelerado e com transformações em menor quantidade de empregos formais, porém com maiores oportunidades de novas maneiras de prestação de serviços. Minarelli estimula a Inteligência Mercadológica - habilidade de estar atento e perceber as necessidades das pessoas e do mercado, que são fontes inesgotáveis de geração de emprego e renda. Sugiro que os profissionais competitivos reflitam e se preparem para enfrentar o desafio proposto pelo economista Irlandês Charles Handy ao filho: "Filho, procure clientes, não empregos!". Complementaria com fidelização destes clientes que conquistará ao longo da vida, pois os clientes conquistados, sejam eles durante a carreira profissional ou nas relações interpessoais, serão sua melhor fonte de referência profissional e network.


RH - Em sua opinião, no dia a dia das organizações, qual o fator que mais tem prejudicado a ascensão de uma carreira?
Helena Ribeiro - Muito se fala sobre performance e a meu ver o que mais prejudica a ascensão e o baixo investimento das empresas no capital humano e no aperfeiçoamento continuo dos três Qs, QI - Quociente de Inteligência, QE - quociente Emocional e QS - Quociente Espiritual, das equipes. E desenvolvê-los a fim de que o poder vá do aprender para o compreender, do saber transformar conhecimento em sabedoria. É desenvolver e apoiar o "sentido de pertencer", ampliando a percepção de que toda a vida no planeta existe dentro de um grande círculo de relações intrapessoais e interpessoais, formando uma grande teia da vida dentro do universo. Para isso, devemos remover bloqueios e preconceitos que prejudicam as ascensões da vida e nos impedem de assimilarmos novos conhecimentos. Afinal, os recursos humanos continuam sendo o maior capital ativo de uma empresa ou país.


RH - A zona de conforto ainda se faz presente em muitas organizações? Por que isso ainda ocorre?
Helena Ribeiro - E evidente em algumas delas. O foco deveria ser os seres humanos em primeiro plano em favor dos resultados e não ao contrário. Por falta de planejamento de T&D e apoio no processo de educação continuada, promove-se a competição e concorrência desleal entre os profissionais em detrimento da competitividade saudável entre equipes. Isto ocorre, porque liderança mesmo que participativa, mas em conflito com governança que não valoriza o capital humano, não combinam com perfis de profissionais competitivos.


Fonte: www.rh.com.br

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