terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Mercado de trabalho abre as portas para a maturidade

Profissionais seniores estão em alta nos setores de comércio e prestação de serviços. Até mesmo aposentados começam a ser resgatados por empresas e cada vez mais surgem oportunidades de emprego para quem ultrapassou os 40 anos de idade.

Ao contrário de décadas passadas, quando a idade era um empecilho para conseguir uma colocação no mercado de trabalho, profissionais com mais de 40 anos têm conseguido colocação com mais frequência, principalmente no comércio - setor em que a iniciativa foi precursora - e em cargos técnicos. Além disso, nos últimos anos, alguns setores, como o da construção civil, estão sentindo falta de profissionais com experiência e têm contratado funcionários seniores, inclusive muitos que já estavam aposentados.


Tornou-se comum ver esses profissionais também em supermercados, lojas, restaurantes, pedágios e no setor imobiliário. Outras áreas, como prestadores de serviços, consultorias, financeiras, Tecnologia da Informação (TI) e recursos humanos despertaram para o potencial dos grisalhos. Até mesmo o setor industrial conta hoje com consultores e gestores com idade mais avançada. Entre os motivos para essa reviravolta, os mais comuns são ausência de mão de obra qualificada e falta de comprometimento dos mais jovens, explica Fernando Montero da Costa, diretor de operações da consultoria Human Brasil, empresa especializada na seleção e recrutamento de talentos, formação, desenvolvimento e consultoria estratégica de pessoas nas organizações.


Segundo Costa, esse processo vem acontecendo no Brasil desde 2007. “Anteriormente, quem ingressava em uma universidade optava por carreiras vinculadas à comunicação social e informática, principalmente. Foi um período em que a profissão de engenheiro foi esquecida”, recorda. O consultor admite que, atualmente, vem ocorrendo uma retomada do interesse dos jovens por cargos técnicos, porém lenta e gradual. “Em função do desenvolvimento econômico, do crescimento da indústria automotiva, das concessões de rodovias e investimentos em obras de infraestrutura, iniciou-se, paralelamente, uma alta demanda de técnicos, que não tem sido eficientemente suprida pelos trabalhadores jovens”, destaca o consultor, afirmando que são os profissionais de 50 anos em diante quem estão preenchendo essas vagas.


São pessoas mais maduras, com potencial para assumir cargos melhores, que, ao mesmo tempo em que estão sendo redimensionadas no mercado, passaram a gerar renda e qualidade de vida para si próprias, iniciando um processo de revitalização econômica da chamada terceira idade - que antes sobrevivia, em sua maioria, do dinheiro da aposentadoria ou com o auxílio de familiares. “A vantagem de contratar estes profissionais é que são mais estáveis, não têm vínculos com filhos pequenos, são mais comprometidos, engajados, centrados e assíduos”, destaca a consultor.


Costa defende, ainda, outras competências de recursos humanos que os mais velhos em geral possuem, enquanto o pessoal mais novo ainda não desenvolveu: são mais meticulosos, disciplinados, simpáticos, comunicativos, pacientes, têm aspectos de liderança e planejamento desenvolvidos e são menos impulsivos. “É possível que o País consiga contornar este ‘apagão’ de qualificação de mão de obra que tem ocorrido entre os jovens nos próximos oito anos. Sendo assim, as perspectivas para os profissionais seniores no mercado de trabalho são as melhores possíves”, estima o diretor da Human Brasil.


Mas, e depois desse período, será que existe a possibilidade de, novamente, o mercado virar as costas para os mais velhos? Na opinião de Fernando Montero, o mais provável é que haja um casamento de competências entre essas duas gerações. “O ideal será unir a agilidade, criatividade e domínio tecnológico dos jovens com toda a experiência dos maduros”, sugere. “A tendência é o Brasil valorizar cada vez mais os seniores. Eles devem conquistar seu lugar ao sol e, a partir daí, tornarem-se mais uma possibilidade de contratação”, completa.

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