quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Liderança inspiradora




Pouco se fala de sustentabilidade empresarial, da qual na minha visão as pessoas são mais importantes, afinal fazem acontecer, definem cultura e retém conhecimento. Num mundo cada vez mais volátil e instável, reter talentos e desenvolver potencialidades passou a ser um desafio, principalmente quando salário, benefícios e outros itens não são mais suficientes para manter os profissionais, pois eles querem “algo a mais” que só se consegue com criatividade e inspiração, pois é algo intangível que as pessoas não enxergam, nem tocam. Este algo a mais se chama propósito.

Ao longo da história humana, o que fez as civilizações superarem os desafios com criatividade não foram os planos, mas sim os sonhos. Em 1963, Martin Luther King não mobilizou a população americana dizendo que tinha um plano, mas sim que tinha um sonho, e a partir desse sonho foram montadas estratégias, planos e ações. O que falta hoje no trabalho é um propósito que possa fazer o “vestir a camisa” ser algo verdadeiro, que motive arriscar com responsabilidade e achar soluções criativas para superar dificuldades.

Pessoas precisam seguir um propósito que não é missão, então líderes precisam ter o seu. Caso contrário não é líder. Com ele no coração e na mente, podem mobilizar seus liderados, e engajar sua equipe a partir de quatro atitudes:

1) Transparência nas relações;

2) Autonomia para superar desafios de forma criativa;

3) Fazer sua equipe perceber com o coração que realmente se preocupa com ele;

4) Mostrar que tem senso de justiça quando analisa e define situações.

A minha experiência de mais de 35 anos como executivo e empresário voltado à melhoria da sociedade me mostrou que o novo modelo de empresa sustentável passa por este engajamento, e ele só é possível a partir do entendimento que cada ser humano é único. Esta visão é a base de um líder gestor, pois gerir liderando é humanizar a relação, percebendo limites, potencialidades e características de cada pessoa que está sob sua condução, para que ela possa produzir melhor e de forma saudável.

Sei das dificuldades, mas como coaching, nos últimos anos tenho visto centenas de pessoas que passaram por mim ou tive contato e conseguirem ter sucesso com esta visão de gestão, liderança e sustentabilidade. Também, percebo em cada palestra que ministro e visita empresarial que as pessoas querem essa mudança. Precisamos ser portadores e inspiradores de que é possível superar estes desafios. As transformações já estão em andamento, pois o líder interno que cada um tem começa a aflorar em muitas empresas - uma força começa a se expressar e agir nesta direção, e este será o grande diferencial competitivo dos novos tempos.

Nenhuma civilização decadente, ou empresa em processo de falência conseguiu ressurgir das cinzas apenas com planos. É hora de liderarmos com mais inspiração, para que a transpiração tenha sentido, e possamos trabalhar com alto nível de performance e produtividade, gerando uma lucratividade sustentável, e criando um país e planeta digno e agradável de viver.

*Cari é life coaching e diretor do Núcleo Pluri. Em oito anos atendeu mais de 400 pessoas como life coaching e mais de 300 profissionais mudaram de vida.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Motivação: um novo modelo de gestão




Todo gerente, diretor, ou gestor que exerce atividades de liderança dentro de sua empresa está diariamente buscando soluções para tornar as equipes mais produtivas, focadas nas metas da área em que atuam, e principalmente, comprometidas com os objetivos estratégicos da organização. E quando falamos em produtividade, foco e comprometimento, estamos lidando basicamente com a motivação das pessoas. Muitos gestores passam horas se perguntando: "Por que minhas equipes não são produtivas?"; "Por que meus funcionários não 'vestem a camisa' da empresa, mesmo recebendo salários altos?". Resposta rápida: motivação.

Há tempos, os bons salários não são mais suficientes para motivar e manter bons profissionais nas empresas (principalmente a geração Y em diante). Uma pesquisa recente da Catho Online, feita com mais de 46 000 participantes, aponta que os fatores que mais motivam os profissionais no trabalho são o bom relacionamento com as pessoas no trabalho, o reconhecimento profissional e a possibilidade de trabalhar com o que se gosta. Salário e acúmulo de capital não aparecem nem entre os cinco principais fatores de motivação.

Muitas vezes, as instituições investem tempo e dinheiro em reestruturações de RH, definições de planos de carreiras, cargos e salários, contratam inúmeras consultorias, e acabam se esquecendo do mais básico: o que motiva as pessoas a acordarem pela manhã, e irem trabalhar? Eu acredito que, antes de contratar uma consultoria de RH, todo gestor pode se atentar a alguns pontos, que geralmente custam muito pouco e podem gerar ótimos resultados, relacionados à motivação de pessoas em uma empresa.

Invista na qualidade de vida das pessoas


Em um mercado que busca pessoas criativas, que fazem diferença no lugar onde estão, o diferencial de qualquer produto ou serviço é a inovação. Por isso, se você quer equipes motivadas, envolvidas com seu trabalho, criativas, que opinam, sugerem, criticam, e apontam melhorias, crie um ambiente de trabalho onde as pessoas gostem de estar e passar a maior parte do dia. Investir em áreas de lazer e convívio comum, com sofás confortáveis, mesa de bilhar, e puffs em salas de reunião, pode tornar o ambiente mais descontraído e favorável para que os colaboradores expressem suas opiniões e contribuam com ideias inovadoras.

Construa uma hierarquia horizontal


Ter um plano de carreira bem estruturado e políticas de cargos e salários bem definidas são importantes para qualquer organização. Mas se uma pessoa não consegue ter contato imediato com seus gestores, e não se sente próximo aos seus líderes, vai automaticamente se sentir distanciado da empresa. Não é por acaso que Jack Welck, logo após assumir a direção da GE, em 1981, promoveu uma profunda transformação na estrutura da empresa, consolidando uma hierarquia bem mais "achatada" e simplificada. O resultado, todos nós sabemos.

Permita horários flexíveis de trabalho


Dentro do possível, deixe que as equipes façam seu horário de trabalho. Tente focar esforços no cumprimento de metas e avaliações por meritocracia, ao invés de ficar monitorando quanto tempo as pessoas ficam batendo papo no cafezinho. A maioria das atividades de qualquer empresa envolve criatividade – algo que pode ser desenvolvido durante todo o dia, inclusive no cafezinho. Se uma equipe é mais produtiva trabalhando no período da tarde, crie mecanismos para que possam trabalhar neste horário. Qualquer equipe ficará mais motivada trabalhando no horário em que é mais produtiva.

Não dê ordens, compartilhe responsabilidades


Não dê ordens, ou diga o que as pessoas devem fazer. Você pode apontar caminhos para que entendam quais dificuldades e problemas precisam ser resolvidos. A maioria dos profissionais, principalmente os da geração Y, adoram assumir responsabilidades e desafios, e cada vez mais reforçam estes desejos em todas as pesquisas. Permita que as pessoas possam enfrentar os problemas da empresa e tenham liberdade para poder ajudar com soluções.

Promova uma comunicação efetiva


Você apenas poderá criar qualquer expectativa sobre um funcionário se ele souber o que a instituição onde ele atua espera dele no ambiente de trabalho. Então, invista na geração de ciclos de feedback entre funcionários e gestores, para que todos tenham uma visão clara da estratégia e metas da empresa. Na maioria das vezes, não é necessário implantar sistemas de feedback complexos ou longas reuniões envolvendo todas as áreas, mas sim incentivar uma cultura em que gestores, líderes e liderados tenham liberdade para conversar de maneira mais informal, permitindo que informações importantes sejam compartilhadas naturalmente entre todos.

Dê liberdade às pessoas, e surpreenda-se com os resultados


Geralmente, as grandes empresas de tecnologia e internet são apontadas como as mais inovadoras do mercado, e grande parte delas possui modelos de gestão bem mais flexíveis e enxutos. Em empresas como Facebook, Google e Amazon, os colaboradores são incentivados a serem autogerenciáveis, e terem liberdade para resolver seus problemas com mais autonomia. Essa liberdade permite com que as pessoas desenvolvam sua criatividade e promovam a inovação. Quando Ricardo Semler começou a difundir suas ideias sobre gestão empresarial, em 1982, na Semco S/A, pregando de forma radical a liberdade e democracia industrial nas empresas, a maioria achou que ele estava louco. Hoje, seu modelo de gestão é referência internacional para qualquer gestor de empresas.

Não instale processos rígidos demais, nem barreiras que limitem a capacidade de inovação das pessoas. Promova um ambiente com mais liberdade e surpreenda-se com a capacidade dos seus funcionários em criar soluções simples e baratas, para problemas aparentemente complexos.