segunda-feira, 17 de junho de 2013

Viver para trabalhar ou trabalhar para viver?

É sempre a mesma história: da casa para o trabalho e do trabalho para casa, buscando sempre mais dinheiro para alcançar o valor financeiro e, assim, ter status




Esse título inicialmente parece uma frase de autoajuda, mas é algo que tenho discutido muito, ultimamente, em sala de aula, com colegas e amigos próximos. Nestas andanças de trabalho de consultorias pela iSetor e de palestras e reuniões pela Abraps tenho me deparado muito com esta pergunta. Encontro dezenas de profissionais que estão cansados de fazer o mesmo, do jeito que faziam há pelo menos três décadas.

É sempre a mesma história: da casa para o trabalho e do trabalho para casa, buscando sempre mais dinheiro para alcançar o valor financeiro e, assim, ter status. Ou seja, é a constante busca pelo consumo de produtos e serviços que, na verdade, não são essencialmente necessários para o dia a dia. E vira uma espécie de círculo vicioso, com os dias passando e as pessoas buscando, cada vez mais, dinheiro e consumindo mais tempo de suas vidas para isso.

Existem alguns movimentos de pessoas que já deixaram de lado o consumo excessivo e vivem uma vida mais simples e com mais experiências. Um artigo bastante interessante publicado pelo New York Times mostra que algumas pessoas estão em busca de um novo estilo de vida para o antigamente cobiçado “american way of life”. E, constantemente, vejo outros artigos que abordam justamente o mesmo tema, aqui no Brasil.

Dessa forma, há uma propulsão para um movimento tímido, que ainda não arrebatou uma multidão. Diria que seus seguidores são uma minoria resistente que vive quase num mundo paralelo para a massa da população televisiva e consumista.

Recentemente, em um trabalho pela minha empresa, juntamente com o meu sócio, fizemos a facilitação para o planejamento estratégico organizacional de um grupo de pessoas que trabalham para uma O.S. (entidade privada, sem fins lucrativos) de música numa capital no nordeste brasileiro.

Durante o trabalho, perguntamos o que os funcionários e gestores gostavam de fazer no seu horário de lazer, e por incrível (para não dizer óbvio) as frases mais frequentes foram “ouvir e tocar música”, além de “estar com pessoas (amigos e família)” e “ensinar”. Este grupo era formado mais ou menos por 50 pessoas das mais diferentes áreas, músicos, administradores, educadores, montadores, produtores, técnicos, serviços gerais etc.

Nesta organização, o principal foco é a busca da mudança na vida de jovens e crianças por meio da atividade e aprendizagem coletiva da música para o seu desenvolvimento pleno. O resultado paralelo, além da transformação social, é de músicos maravilhosos em algumas orquestras dentro deste estado federativo do nosso país. E tudo isso financiado pelo Estado!

Na facilitação, enquanto contavam do seu trabalho ou do que achariam que poderiam melhorar nos projetos e na organização, seus olhos brilhavam e uma energia positiva vibrava no ar. Meio místico, porém incontestável. Todos realmente estavam antenados e concentrados no exercício que fazíamos, pois buscávamos melhorar a organização e o seu dia a dia. Sempre focando o público e a missão da O.S.

Parece meio romântico, porém estas pessoas estavam fazendo o que realmente gostam e acreditam. Ao longo da sessão muitos frutos e transformações foram citadas, como o aluno que virou instrutor ou algum jovem músico que foi fazer carreira internacional, pois descobriram uma aptidão e uma paixão.

Viver para trabalhar é uma escolha que temos que fazer, sem ser influenciados por fatores externos, pressões sociais e status. Envolver-se em algum projeto social, ambiental, fazer um voluntariado ou algo assim pode ser uma forma de escapar da sua realidade, se você não pode se dar ao luxo e viver somente naquele trabalho que realmente você almeja.

Outra forma é planejar uma carreira focada nestes temas ou já direcioná-la para tal. E quem sabe não fazer alguns trabalhos voluntários ao longo da carreira e depois, quando aposentar, ficar full-time. Ou ainda elaborar um projeto social ou ambiental podendo se transformar num empreendedor social. Ou então fazer um negócio social.

O importante de todas estas conversas e discussões destas semanas é que precisamos continuar refletindo, ampliando as nossas percepções e pesquisando, para que no momento certo (que dependerá de cada um) tenhamos a atitude para ter uma vida mais leve, sem o peso de viver para trabalhar.

Marcus Nakagawa – é sócio-diretor da iSetor, professor da ESPM e diretor-presidente da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade.

Fonte: Administradores

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Pesquisa revela o perfil ético dos profissionais brasileiros

Levantamento com 3.211 pessoas de 45 empresas privadas do País traz opinião sobre temas como suborno, presentes, atalho e denúncia



Um estudo do ICTS, intitulado “O perfil ético dos profissionais nas corporações brasileiras”, indica que é falsa a crença de que “o brasileiro é corrupto por natureza”. A pesquisa foi realizada com 3.211 pessoas de 45 empresas privadas.

O levantamento mostra que apenas 11% das pessoas têm perfil não aderente à ética organizacional, ou seja, não seguem o código de ética da empresa. A má notícia é de apesar de 20% serem aderentes à ética organizacional, outros 69% são flexíveis e podem atuar de forma ética ou antiética de acordo com as circunstâncias. 

De acordo com Renato Santos, responsável pela pesquisa e gerente da unidade de negócio Análise de Aderência à Ética Empresarial da ICTS, os números revelam a importância de as empresas realizarem a gestão da ética de forma clara, contínua e pragmática. “O primeiro passo para a prevenção está na seleção de pessoas com o perfil ético adequado por meio de ferramentas de análise de aderência ética, diz. “Além deste filtro, é extremamente importante influenciar de maneira positiva esta maioria que tem o comportamento flexível com ações como a criação de um comitê de ética, canal de denúncia indepentende, entre outras”, completa.

Para Santos, as empresas brasileiras perceberam que a adoção da gestão da ética é fundamental não apenas por uma adequação formal, mas também porque impacta no resultado financeiro destas organizações ao evitar possíveis fraudes contábeis ou mesmo favorecimento de fornecedores com orçamentos inadequados, por exemplo. “Outro fator que tem feito aumentar a demanda pela gestão da ética é o Projeto de Lei 6826/10 batizado de Lei Anticorrupção que define a responsabilização administrativa e civil de empresas que pratiquem atos contras a Administração Pública nacional e estrangeira”, aleta.

O estudo da ICTS, empresa brasileira com a mais abrangente atuação no mercado de risco de negócios, foi realizado por meio de 3.211 entrevistas quantitativas e qualitativas com profissionais de 45 empresas privadas nacionais.  A pesquisa levou em conta o comportamento dos profissionais diante de dilemas sobre a ética como a denúncia, convívio, atalho, furto, suborno, presente e informação, além de analisar as variáveis de gênero, maturidade, escolaridade, faixa salarial e hierarquia.

Abaixo, os principais resultados do estudo divididos por cada um dos dilemas éticos abordados.

Denúncia - De acordo com a pesquisa, 56% dos entrevistados somente denunciarão atos antiéticos cometidos por colegas de trabalho se forem incentivados pela organização. As mulheres e os níveis operacionais tendem a hesitar mais, 61% e 60%, respectivamente.

Convívio – Os dados mostram que 52% dos profissionais tendem a conviver sem restrições com atos antiéticos, sendo que o índice sobe para 55% e 59% para não graduados que ganham até R$ 3 mil por mês e níveis operacionais, respectivamente.

Atalho – Outro ponto abordado no levantamento é a questão do atalho dentro das corporações. De acordo com os resultados, 48% dos profissionais tendem a adotar atalhos antiéticos para atingir suas metas, sendo que este índice chega a 50% no caso dos homens e a 53% em adultos (maiores de 34 anos).

Furto – Com relação ao dilema ético do furto, 18% dos pesquisados admitem que furtariam valores consideráveis da organização. O índice é mais alto para homens (21%), nível operacional (24%) e não graduados (25%). 

Suborno – Os dados apontam também que 38% dos profissionais aceitariam suborno para beneficiar um fornecedor dependendo das circunstâncias ou 43% para o caso de homens adultos não graduados, onde o índice atinge seu nível mais elevado.

Presente – A aceitação de presentes também foi levada em conta na pesquisa e 40% dos profissionais beneficiariam um fornecedor em troca de brindes. No nível operacional a taxa é elevada a 43%.

Informação – Segundo o estudo, 28% dos profissionais tendem a utilizar informações confidenciais para proveito próprio ou para terceiros, sendo que gestores adultos e graduados (32%) são ainda mais propensos a este tipo de atitude.

Sobre a ICTS

Estabelecida no Brasil desde 1995, a ICTS atua no mercado de riscos de negócios. Com três escritórios no país a atua na consultoria, auditoria interna, segurança e serviços.