Artigo debate as transformações no mundo do trabalho e os impactos dessas mudanças nos trabalhadores e em suas competências. Por fim, o artigo discute a importância das redes sociais como o novo fenômeno "humano" e os impactos dessas redes nos homens, e, no limite, na área de RH.
São indiscutíveis as mudanças ocorridas no mundo do trabalho nos últimos trinta/quarenta anos. Essas transformações foram, em resumo, provocadas pelos novos aparatos tecnológicos ensejando em importantes alterações no desenho das empresas (TAUILE, 2001; SENNETT, 2003; CORIAT, 1994).
Essas mutações, grosso modo, provocaram alterações no perfil de consumo dos clientes, bem como em importantes modificações em seu comportamento social. Assim, essas transformações apontam para uma inédita aproximação entre o cliente e o trabalhador. Esse estreitamento muda as relações entre esses atores sociais nos processos comerciais/concorrenciais (SORJ, 2000; ALMEIDA, 2004; LIPOVETSKY, 2007).
Fora isso, e no limite, outras pressões passam a fazer parte desse quadro social. Quer dizer, as empresas passam a investir em posicionamento e atenção maior a concorrência, bem como exigem trabalhadores com forte qualificação continuada, e especial dedicação integral ao cliente e a empresa que está vinculado. Isto porque as empresas decretam que os trabalhadores que queiram entrar no mercado de trabalho devem estar qualificados e que assumam o "patriotismo" à empresa que está se associando.
Dessa forma, e no fim das contas, tanto a qualificação continuada passa a ser o novo paradigma do mundo do trabalho, como a cultura da empresa passa ser o novo refúgio à insegurança e ao desemprego, nesse "novo" mundo de relações sociais capitalistas e de laços sociais frágeis (CORIAT, 1994; GORZ, 2004; SENNETT, 2003).
Nesse quadro, pode-se afirmar que as transformações na arena concorrencial, citadas acima, passam a exigir dos trabalhadores novas competências, um inédito perfil multifuncional, e, também, outras formas de agir e de pensar. Ou seja, as empresas do século XXI passam a não mais admitir trabalhadores sem determinadas capacidades, e dedicação incondicional a cada um dos objetivos da organização.
Nessa alternativa, entra a área de recursos humanos (RH) e as redes sociais.
O que faz o RH? Qual é a sua importância nesse novo quadro de fortes transformações?
Para Chiavenato (2008), por exemplo, o RH é a área responsável por dotar as empresas de excelência e de capital humano em plena Era da Informação. Isto porque, o grande diferencial das organizações, e a sua principal vantagem competitiva, ainda decorrerão das pessoas. Isso porque, são elas que geram e fortalecem a inovação e a excelência. São elas que atendem, vendem, negociam, lideram, comunicam, entre outros. E, no limite, não há organização sem pessoas.
Assim, a gestão das organizações passa a precisar de recursos humanos preparados para dotar as empresas de talentos que entendam, aceitem e contribuam, não só para a fidelização dos clientes, mas para a permanência das organizações nesse novo estado concorrencial global citado acima.
Nessa perspectiva, surge o fenômeno das Redes Sociais e seu crescimento no mundo.
O que são essas redes? Qual é a sua importância para o mundo das organizações? E para o RH?
De início, redes são relações. E as relações são – todas – inerentes ao ser humano que é um ser social por essência. Ainda, todas as redes são um sistema vivo e dinâmico. E, são elas que dão sustentação às nossas vidas. As redes sociais que conhecemos hoje são canais de comunicação, circulação, movimento do conhecimento e de valores. No limite, uma rede social é um canal que reúne e conecta pessoas. Essa conexão pode ser por um ou mais fatores. E estes fatores são estruturados a partir de interesses específicos.
Assim, as redes sociais que se conhece hoje são montadas especificamente ao redor de interesses específicos em que se compartilha conhecimento, experiências, entre outros. Dessa forma, as redes sociais passam a ser relações - entre indivíduos - na comunicação por computador.
Nessa perspectiva, o RH, como as demais forças das organizações, deve ficar antenado aos movimentos dessas redes. Isto porque elas são a atual vantagem competitiva, tanto para as organizações, quanto para as pessoas que vivem e se relacionam neste mundo global e em rede.
O RH deve rever e mudar toda a estrutura metodológica - e conceitual - dos processos, tais como: os processos seletivos, os programas de treinamento e desenvolvimento, mudanças nas políticas de RH, mudança na modelagem das estruturas de cargos carreiras e salários, mudança na política de enriquecimento dos cargos, avaliação de desempenho, sistemas de recompensas, incentivos, benefícios e serviços, relações com os empregados e fornecedores, qualidade de vida, sistemas de informação e outros.
Para concluir, até bem pouco tempo atrás se atribuía à área de RH o desafio de ser a área intermediadora das relações capital versus trabalho. Hoje, com o advento das redes sociais, ela deve fazer uma revisão de seus processos que se sugere acima. Isto porque todos os paradigmas de forma e conteúdo, no que diz respeito às políticas de gestão de pessoas, devem passar por um novo "pente fino" revisional.
Por derradeiro, como já mencionado acima, gerir pessoas na era das redes sociais requer uma nova forma de se perceber e entender que estes novos trabalhadores têm novos sonhos, desejos, metas e especificidades.